20 de julho de 2018

Novos dados do satélite Planck confirmam o modelo cosmológico padrão

O satélite Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), passou quatro anos, entre 12 de agosto de 2009 e 23 de outubro de 2013, estudando o Universo primordial e sua evolução. Em 2013, os resultados preliminares já mostravam informações incríveis, e agora, 5 anos depois, elas foram confirmadas: segundo os dados do Planck, o modelo cosmológico padrão, que descreve a idade, a taxa de expansão, a história e o conteúdo do Universo, é de fato preciso.

O satélite Planck mapeia a radiação no comprimento de onda das microondas. Essa radiação foi produzida apenas 380.000 anos após o Big Bang. Estes dados são importantes porque são o máximo que conseguimos enxergar em relação ao passado do Universo. Antes disso, o Universo era completamente escuro e opaco.

A radiação cósmica de fundo em micro-ondas (CMB, na sigla em inglês), como é chamada, foi originalmente causada por fótons que se estenderam até o comprimento de onda de microondas à medida que o Universo se expandia. Ao estudar as diferenças e mudanças no CMB em diferentes regiões do céu, os astrônomos podem calcular várias características do Universo à medida que ele evoluiu ao longo do tempo.

Apesar dos dados de 2013 já serem importantes, eles precisavam ser completados. Um segundo conjunto de dados e de análises foi lançado em 2015. Eles continham dados de temperatura e polarização, mas ainda assim faltava uma coisa. Os cientistas do Planck acharam que a qualidade de alguns dos dados de polarização naquela versão de 2015, relativa à orientação das ondas de luz, estava faltando, e talvez não fosse boa o suficiente para ser usada na cosmologia.

Nos anos seguintes, os cientistas do projeto Planck reprocessaram os dados, comparando-os com observações feitas por outros instrumentos, análises e experimentos, o que os levou a estes dados atuais, que tiveram resultados bastante satisfatórios.

“Este é o legado mais importante do Planck”, diz Jan Tauber, Cientista do Projeto Planck da ESA. “Até agora, o modelo padrão da cosmologia sobreviveu a todos os testes e o Planck fez as medições que mostram isso”, diz ele em um comunicado à imprensa da ESA.

“Agora estamos realmente confiantes de que podemos recuperar um modelo cosmológico baseado apenas na temperatura, apenas na polarização, e baseado na temperatura e na polarização. E todos eles combinam”, corrobora o cosmólogo Reno Mandolesi, da Universidade de Ferrara, na Itália, em matéria publicada no site Science Alert.

A Constante de Hubble

Apesar de ser uma ótima descrição do Universo, incluindo a estrutura e a distribuição de galáxias, a abundância de matéria bariônica normal e matéria escura fria, a energia escura e uma fase de inflação no início do Universo, ele não nos dá todas as respostas.

Na verdade, como o modelo agora é mais preciso, ele apresenta um enigma interessante: a Constante de Hubble. Esse é o nome dado à taxa de expansão do Universo. Recentemente, dois telescópios no espaço se juntaram para determinar a Constante Hubble com apenas 2 por cento de incerteza. Eles chegaram ao número de 73,5 quilômetros por segundo por megaparsec.

O problema é que, de acordo com os dados do Planck, a Constante de Hubble tem 67,4 quilômetros por segundo por megaparsec – com menos de 1% de incerteza.

Como não há uma solução astrofísica satisfatória que possa explicar essa discrepância, alguns cientistas chegaram a sugerir que precisaríamos de algum tipo de “nova física” para explicá-la. “Por enquanto, não devemos ficar muito empolgados em encontrar uma nova física: pode ser que a discrepância relativamente pequena possa ser explicada por uma combinação de pequenos erros e efeitos locais”, aponta o cientista do projeto Planck Jan Tauber, da ESA, na matéria do Science Alert.

Porém, apesar de acreditar nisso, ele defende que o trabalho não acabou. “Precisamos continuar melhorando nossas medições e pensando em maneiras melhores de explicá-las”, acredita.


Expandindo referencia -


2 comentários:

Videos