Em uma série de quatro artigos publicados na prestigiada revista científica Nature, pesquisadores revelaram as últimas descobertas da nave.
“É a primeira visão de como funciona um planeta gigante gasoso por dentro”, Jonathan Fortney, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz (EUA), disse ao portal IFLScience.
O que há embaixo das nuvens?
Uma das principais descobertas é que agora sabemos até onde a atmosfera de Júpiter se estende: 3.000 quilômetros abaixo do topo das nuvens, o que é muito maior do que o esperado.
Quando se atinge essa profundidade, a composição do planeta muda drasticamente. O interior se comporta como um sólido, embora não seja. Em vez disso, é uma mistura fluida de hidrogênio e hélio que gira como um corpo sólido. Em seu núcleo, a pressão é cerca de 100.000 vezes maior do que a da Terra.
“Toda esta informação tem consequências complexas na nossa compreensão sobre o interior do planeta, o que, por sua vez, nos permite chegar mais perto de entender a sua formação”, explicou Yamila Miguel, da Universidade de Leiden, na Holanda, ao IFLScience.
Júpiter é famoso por essas faixas de nuvens que cobrem o planeta, descobertas pela primeira vez por Galileu há 400 anos. Mas os cientistas não tinham certeza de quão longe elas se estendiam. Com base nas últimas informações, parece que param a 3.000 quilômetros de profundidade.
“Galileu viu essas listras na atmosfera de Júpiter muitos séculos atrás, então é definitivamente algo que nós queríamos confirmar há muito tempo”, acrescentou Miguel.
Campo gravitacional
Outra descoberta importante é que o campo gravitacional de Júpiter não é simétrico de norte a sul. Isso é inesperado para um planeta tão fluido que gira rapidamente. O fenômeno pode ser causado pelos ventos e fluxos atmosféricos variados do planeta.
“À medida que os jatos de superfície propagam profundamente no planeta, eles produzem uma perturbação do campo de gravidade que nós determinamos com Juno”, disse Daniele Durante, da Universidade Sapienza em Roma, na Itália, ao IFLScience.
Os pesquisadores também descobriram que a atmosfera de Júpiter representa cerca de 1% da massa do planeta, equivalente a cerca de três Terras, o que é uma quantidade enorme. A atmosfera da Terra, em comparação, representa apenas um milionésimo da massa total do nosso planeta.
Estes resultados foram possíveis graças ao conjunto exclusivo de instrumentos da Juno e seus passeios próximos do planeta – apenas alguns milhares de quilômetros da sua superfície.
Ciclones
Por fim, Alberto Adriani, do Instituto de Astrofísica e Planetologia Espacial em Roma, na Itália, e seus colegas observaram a estrutura dos polos de Júpiter no infravermelho, pela primeira vez.
Eles descobriram que os ciclones nos polos criam padrões poligonais persistentes, com oito ciclones se formando ao redor de um único ciclone central no polo norte. No polo sul, cinco ciclones fazem o mesmo.
“Juno é a primeira missão projetada para dar aos instrumentos uma excelente visão dos polos”, disse Adriani ao IFLScience. “As estruturas ciclônicas que observamos lá não existem em outros planetas do nosso sistema solar”.
Próximos passos
Ainda há muito por vir. Por exemplo, Juno vai medir as marés da lua Io, enquanto o satélite exerce atração gravitacional sobre o planeta.
A profundidade e a estrutura da Grande Mancha Vermelha de Júpiter também serão medidas, possivelmente até a massa de seu núcleo central.
Nosso conhecimento dos gigantes de gás está avançando muito em 2018. As últimas informações levantadas de Saturno pela falecida sonda Cassini também devem produzir mais detalhes interessantes sobre este tipo de planeta.
Isso é importante por que muitos dos mundos que encontramos fora do nosso sistema solar são gigantes gasosos. Ao compreender nossa própria vizinhança, descobrimos muito mais sobre planetas por todo o universo também.
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