12 de novembro de 2018

Afinal, o que é Arqueologia?

A palavra Arqueologia vem do grego archaios (antigo) + logos (“conhecimento”, “estudo”), ou seja, o estudo do que é antigo. Hoje em dia, quanto mais os grandes empreendimentos e as grandes obras mexem e remexem o chão, mais pedaços do passado vão aparecendo. É o nosso passado coletivo, a raiz das culturas e de nossos bens materiais que “brotam do solo” e muitas vezes são destruídos sem sequer serem percebidos.

Às vezes eles aparecem como esqueletos quase inteiros, outras, de formas mais sutis, difíceis de reconhecer, mas nem por isso menos importante. Afinal, nem todo mundo construiu pirâmides para guardar seus mortos, nem toda xícara é o Cálice Sagrado. Cada pedaço de qualquer objeto, no entanto, traz em si uma história, que, ao ser resgatado pelos arqueólogos, se junta a outros pedaços de outros objetos e em conjunto narram os fatos acontecidos em algum momento, naquele lugar.
É maravilhoso refazer aqueles acontecimentos, com cuidado, paciência e técnica, para que os pedaços do passado se juntem corretamente e formem um mosaico harmônico e compreensível.

O que são sítios arqueológicos?

Os sítios arqueológicos são os lugares onde as peças, comumente chamadas de artefatos, são encontradas. O momento onde o presente e o passado se encontram: quando se tem que fazer obras nos locais em que o solo será escavado seja para a colocação de pilares de pontes, redes de transmissão, para a passagem de estradas ou para a construção de usinas. Segundo a legislação, para todos esses empreendimentos é necessário fazer o trabalho de Arqueologia (Levantamento, Prospecção, Resgate e Monitoramento). É durante o resgate que os artefatos são recolhidos do sítio arqueológico, limpos, catalogados, analisados e guardados em locais próprios. O objetivo é que estes estudos tragam à tona informações suficientes que permitam reconstituir a história daqueles que ali viveram.

Estes artefatos podem ser cachimbos, restos de habitações ou de templos, marcas de fogueira, cascas de moluscos, cerâmicas, armas, garrafas de vidro, ferraduras, vasos. Tudo o que é remanescente de antigas ocupações e que representam os hábitos e costumes de quem viveu sobre aquele solo. Ou seja, as manifestações do Patrimônio Cultural Material vão desde as edificações com significados históricos e culturais – que formam parte da memória coletiva, assim como os objetos que neles se encontram – até os artefatos e pequenos fragmentos encontrados nos sítios arqueológicos e que contam a história da humanidade.

Se cuidados não forem tomados e o material preservado, tudo se perde. Afinal, a terra é o livro onde o arqueólogo lê a História do Homem Brasileiro.

Quem deve proteger o Patrimônio Arqueológico?

Em prol da preservação do patrimônio cultural, o arqueólogo precisa de uma ajuda muito importante: a dos profissionais envolvidos no projeto da obra sejam eles engenheiros, técnicos, supervisores, operadores de máquinas ou mesmo os moradores da área impactada. O IAB é a instituição de guarda, o IPHAN é o órgão fiscalizador, mas o “dono” mesmo é o Povo Brasileiro.

O que diz a Lei?

Os sítios arqueológicos são lugares tão importantes que foram criadas leis para que fossem protegidos, preservando-os do desaparecimento.

A Constituição Federal em seu artigo 216, a Lei de arqueologia 3.924 de 1961 que dispõe dos monumentos arqueológicos e pré-históricos, e a Instrução Normativa Nº 001, de 25 de março de 2015 abrigam as leis que regem os procedimentos pertinentes aos trabalhos de arqueologia como, por exemplo, que os artefatos sejam salvaguardados em Instituições como o IAB e assim possam ser  preservados para as gerações futuras.

No momento em que é registrado no IPHAN, o SITIO ARQUEOLÓGICO se torna imediatamente um bem tombado pela União.

O que é IPHAN?

No Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) foi criado em 1937 como SPHAN.  Hoje este órgão está vinculado ao Ministério da Cultura e atua através de 27 superintendências em todo o território nacional, responsabilizando-se pela proteção dos sítios arqueológicos.

Arqueologia, Nosso Modo de Fazer!

Mais de meio século e inúmeros trabalhos arqueológicos já foram por nós realizados em todas as regiões do Brasil, em pesquisas independentes ou em parcerias com renomados institutos de pesquisa, sempre com o apoio dos principais órgãos oficiais envolvidos e a inestimável confiança do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Hoje, com vasta experiência, o Instituto de Arqueologia Brasileira presta serviços completos em todas as áreas de abrangência da Arqueologia – Ensino, Pesquisa e Divulgação - através de profissionais renomados e de comprovada qualificação científica, como arqueólogos e técnicos em arqueologia, biólogos, antropólogos, historiadores, psicólogos, pedagogos, jornalistas, designers, técnicos em informática, restauradores, topógrafos, estagiários de diferentes orientações e diversos outros profissionais que o ajudam a manter e ampliar cada vez mais a estrutura de quem há tantos anos se preocupa com a preservação do patrimônio histórico e arqueológico do País.

Assim, sempre primando pela excelência de seus trabalhos, o IAB realiza a identificação do potencial arqueológico de sítios históricos, assim como seu salvamento, resgate e monitoramento, de forma que sua memória material seja conhecida e preservada.


E cientificamente falando, o que é Arqueologia?

Trata-se de uma das ciências sociais (ou humanas) que se dedica a estudar o passado do homem e suas obras ao longo de sua evolução na Terra. Este objetivo é compartilhado com outras disciplinas ou ciências sociais, como a História, a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia Social, etc. O que diferencia cada uma delas é a metodologia própria de abordar ou recuperar este passado. E a arqueologia possui uma metodologia própria que a identifica frente às demais.

A arqueologia compartilha com todas as práticas ou disciplinas científicas o processo da pesquisa, em suas cinco fases operacionais. Tudo deve ser meticulosamente planejado antes do início de qualquer projeto. Em seguida se inicia a busca pelo material em campo, a pesquisa que para muitos é a própria arqueologia. E é aqui que seus métodos são específicos. Assim, por exemplo, enquanto que a pesquisa histórica tem sua metodologia baseada na busca, localização, leitura e interpretação do documento escrito depositados em bibliotecas, arquivos, cartórios, etc.; o arqueólogo parte em busca dos restos materiais das culturas desaparecidas em campo, nos locais habitados pelo homem no passado. Mesmo trechos selecionados de áreas ainda hoje habitadas, desde que estes mesmos trechos tenham perdido sua função social, podem ser abordadas pelo arqueólogo na busca dos testemunhos materiais das atividades humanas ali desenvolvidas no passado.

Mesmo sabendo que os restos exumados pelos arqueólogos representam uma ínfima percentagem dos artefatos ou objetos pensados, produzidos e usados no passado que foram preservados é, exatamente, desses restos transformados em documentos que os pesquisadores retiram as informações que objetivam dar vida à sociedade em pesquisa. É nesta fase que se manifesta a metodologia específica da arqueologia.

 Todo o acervo retirado do campo é levado para análise classificatória, quando o especialista se vale de alguns métodos de abordagens desenvolvidas pela arqueologia e/ou pelas ciências afins, para retirar dos objetos as informações que procura.

A análise tipológica ou funcional, empírica ou virtual, resulta em um vasto acervo documental, descrito e representado graficamente segundo as unidades classificatórias definidas, que transmuta os restos preservados do passado em documentação primária de valor histórico.

Desenvolve-se então, a fase de interpretação dos dados, onde a metodologia desenvolvida pela história, antropologia, psicologia social, sociologia ou por toda e qualquer ciência social serve de base para a (re) construção da sociedade exumada. É fundamental, então, que ela fique devidamente localizada no tempo, ocupando seu lugar no espaço e materializada nas suas formas de produção, de organização social, de relacionamento com o meio ou com outras sociedades. Que fique, enfim, caracterizada com uma realização do homem no contexto maior da cultura humana através do tempo. 

A última fase do trabalho da arqueologia é a da divulgação dos resultados. Nesta fase a Arqueologia compartilha métodos desenvolvidos por outras ciências humanas (em especial pedagógicas e de jornalismo). Esta divulgação pode ser acadêmica, reservada para os especialistas ou destinada ao grande público, especialmente para àqueles que em última análise foram ou são herdeiros sociais dos antepassados culturais responsáveis pela sua formação. A divulgação se completa no nível do ensino, quando a produção literária ultrapassa o nível da prestação de contas sociais e se integra no universo acadêmico.

A arqueologia é, portanto, uma rica especialidade, situada muito além das aventuras palpitantes da busca ao tesouro ou do colecionismo de antiguidades. Exige dedicação, disponibilidade de tempo, conhecimento amplo de métodos diferenciados e de origens variadas. A dedicação à Arqueologia é compensada pela descoberta da vida preservada nos artefatos antigos, sejam eles exemplares testemunhos de riquezas de dominantes ou evidências que retratam as experiências cotidianas daqueles que nos precederam , garantindo de uma forma ou de outra, nossa presença no mundo.       



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Videos