Um novo estudo brasileiro descobriu que um verme minúsculo pode sobreviver ao que seria o equivalente a 400 mil vezes a força da gravidade na Terra.
Essa aceleração é a mesma encontrada em uma rocha lançada de um planeta ao espaço por um impacto, por exemplo, o que significa que nematoides possivelmente resistiriam a uma viagem interplanetária.
Tolerância extrema
O estudo foi conduzido pelos geneticistas Tiago Pereira e Tiago de Souza, da Universidade de São Paulo. Eles colocaram centenas de Caenorhabditis elegans, um nematoide amplamente usado em estudos biológicos, em um aparelho chamado ultracentrifugadora, um dispositivo que pode atingir velocidades de rotação muito elevadas, capazes de gerar uma aceleração milhares de vezes maior que a gravidade da Terra.
Depois de uma hora, os pesquisadores os retiraram, convencidos de que os animais estariam mortos. Pelo contrário: os vermes estavam se movimentando livremente como se nada tivesse acontecido.
A dupla descobriu que o C. elegans daria um excelente piloto de caça. O verme de aproximadamente um milímetro de comprimento é notavelmente tolerante a aceleração. Enquanto seres humanos perdem a consciência a apenas 4 ou 5 g (1 g é a força da gravidade na superfície da Terra), o C. elegans saiu ileso de 400.000 g.
Mais de 96% dos vermes não somente sobreviveram a tal força de aceleração, como não apresentaram quaisquer alterações físicas ou comportamentais. “A vida tolera muito mais estresse do que normalmente pensamos”, concluiu Pereira.
Vermes aliens?
O valor de 400.000 g é um importante marco de referência porque pesquisadores já teorizaram que rochas experimentam forças semelhantes quando expelidas de superfícies de planetas para o espaço por erupções vulcânicas ou impactos de asteroides.
Ou seja, qualquer criatura capaz de sobreviver a tal viagem em uma dessas rochas poderia, teoricamente, semear outro planeta com vida, uma ideia conhecida como “panspermia balística”.
Vale notar que este teste não reproduz o impacto total de uma jornada interplanetária. Os pesquisadores esclarecem que demorou cerca de cinco minutos para a ultracentrifugadora chegar a essas gigantescas forças g, enquanto que as rochas lançadas de um planeta chegariam a elas em um milésimo de segundo.
O experimento também não replicou outras condições extremas do espaço. Outros fatores, como temperatura, vácuo e radiação cósmica precisam ainda ser testados. Segundo Pereira, esse trabalho é um ponto de partida sobre o qual outros experimentos podem desenvolver uma maior “compreensão dos limites da vida”.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Astrobiology
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