Os astrônomos descobriram um planeta errante gigantesco com um campo magnético extremamente forte vagando pela nossa vizinhança galáctica, a apenas 20 anos-luz da Terra.
A detecção foi feita com o radiotelescópio Very Large Array (VLA, no Novo México, EUA), marcando o primeiro objeto de massa planetária revelado por radiotelescopia.
Planeta ou quase estrela
O novo planeta é 12,7 vezes mais massivo que Júpiter, o que significa que está bem no limite do que caracteriza um planeta, beirando o território das anãs marrons. Se fosse um pouco maior, seria uma “estrela falhada”, como estas são às vezes referidas.
Uma anã marrom é um objeto muito pequeno para produzir fusão de hidrogênio, o processo dominante que gera energia nas estrelas, mas grande o suficiente para a fusão de deutério, processo de baixa temperatura vital para estrelas recém-formadas.
Ela está, então, na fronteira entre os maiores planetas e as menores estrelas, com massas de 13 a 80 vezes maiores que a de Júpiter.
Inicialmente, acreditava-se que esses objetos não emitissem ondas de rádio. Em 2001, contudo, cientistas descobriram que eles eram absolutamente cheios de atividade magnética. Outras observações revelaram que anãs marrons também podem gerar fortes auroras.
Características do planeta
O novo objeto, denominado SIMP J01365663 + 0933473, pode ajudar os astrônomos a aprender mais sobre diversos fenômenos espaciais, incluindo as auroras das anãs marrons.
Descoberto em meio a um aglomerado de estrelas muito jovens, tem cerca de 200 milhões de anos, um bebê em termos da idade do universo. Embora seja 12,7 vezes mais massivo que Júpiter, é apenas um pouco maior, com um raio de 1,22 vezes o do gigante de gás.
Em comparação com a temperatura da superfície solar de 5.500 graus Celsius, é relativamente frio, com 825 graus Celsius.
Seu campo magnético, por sua vez, é 200 vezes mais forte que o de Júpiter.
Auroras
A equipe acredita ter detectado emissões de rádio de auroras no novo planeta, o que representa um desafio para a maneira como entendemos os mecanismos para esse fenômeno em anãs marrons e exoplanetas.
Aqui na Terra, as auroras são geradas por ventos solares, que interagem com partículas carregadas na nossa ionosfera. Essas partículas carregadas viajam ao longo das linhas do campo magnético do planeta até os polos, onde se manifestam como luzes no céu, produzindo fortes emissões de rádio.
Mas, até onde sabemos, as anãs marrons não estão nas proximidades de quaisquer ventos estelares, fazendo de suas auroras uma espécie de quebra-cabeça que ainda não entendemos muito bem.
“Esse objeto em particular é empolgante porque estudar seus mecanismos de dínamo magnético pode nos dar novas percepções sobre como o mesmo tipo de mecanismo pode operar em planetas extra-solares – planetas além do nosso sistema solar. Achamos que esses mecanismos podem funcionar não só em anãs marrons, mas também em planetas gigantes e terrestres”, disse a astrônoma Melodie Kao, da Universidade Estadual do Arizona (EUA), uma das autoras do estudo.
Mais uma forma de encontrar planetas
A descoberta também pode ter outra implicação importante, além da compreensão de auroras: “Detectar o SIMP J01365663 + 0933473 com o VLA através de sua emissão de rádio auroral também significa que podemos ter uma nova forma de detectar exoplanetas, incluindo aqueles que não orbitam uma estrela-mãe”, explicou o astrônomo Gregg Hallinan, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA), outro autor do estudo.
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica The Astrophysical Journal.
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