18 de dezembro de 2018

Interferências


...durante praticamente toda a existência humana, nos deparamos com forças, energias, ideias, ideais e conceitos que parecem dividir claramente toda a existência conhecida...a luz e a escuridão, o bem e o mal, o que é bom e o que é mau!

Mas e se nossas filosofias retóricas religiosas tiverem distorcido os "papéis" de importantes "personagens" que fazem parte de algumas de nossas mais profundas necessidades, anseios e desejos?

E se a história que pensamos conhecer, não passar de uma estória muito mal contada, manipulada, editada e distorcida?

E se aqueles que interagiram e coexistiram conosco supostamente, nesse planeta, não fossem deuses, anjos, demônios, bons ou maus...? E se eles estivessem apenas defendendo seus próprios interesses e demandas, pessoais e grupais?

Para quem tiver oportunidade e disponibilidade de tempo pra ler (texto muito longo), apresento-lhes:

Interferência

Resenha sobre a personificação social (bem/mal-bom/mau) através de personagens religiosos e uma visão alternativa.
Desde os primórdios da humanidade, a busca pela fé em algo que está “acima” de nós, vem sendo umas das práticas mais reincidentes da nossa própria estória. Há uma necessidade intrínseca do ser humano, em não estar sozinho!

Buscamos por algo além de nós, até para termos uma sensação de continuidade depois de nossa morte física. Sempre ouvimos através das filosofias e conceitos religiosos, que existe uma espécie de merecimento, para que essa continuidade se dê. Ou seja, se formos bons e seguirmos o bem, continuaremos sempre ascendendo para um local melhor e mais evoluído, se fizermos ao contrário, poderemos ser castigados e levados para locais ruins, onde todo o tipo de sofrimento será infringido em nosso espírito.

Mas o que é realmente o bem, o mal? 

Quem é o bom ou o mau?

É possível que os primeiros homens não nasceram com a inteligência. Esta foi construída ao longo de sua história de hominização. A evolução de qualquer criança em todos os tempos e culturas, que evolui do mais simples para o mais complexo pensamento abstrato ou simbólico, deve estar ainda acontecendo com o ser humano, ou seja, ainda estamos em processo de evolução de nossa capacidade de raciocínio, de convivência com as diferenças de raça, cultura, religião, língua ou modo de ser.

Desde o seu surgimento, o homem é movido por duas lógicas, consciente e inconsciente. O homem, primeiramente instintivo e passional, foi sendo recoberto pela consciência e razão. Mas essa razão ainda não conseguiu determinar a totalidade de seus atos. Ou seja, o irracional cujo efeito são as passagens aos atos ainda domina grande parte do existir humano. Freud descobriu que somos resultantes de dois princípios psíquicos opostos que lutam entre si: os Princípios de Prazer ou do Gozo e o de Realidade. E, ainda, haveria uma luta entre essas duas e a leis da cultura, cuja base inaugural teria surgido com a proibição do incesto.

Esse jogo de forças, do desejo e do comportamento social, sempre foi complicado para as culturas entender, resolver ou administrar. Tradicionalmente a cultura resolveu, reprimindo, regrando, punindo, etc. Foi preciso muito tempo, experiências e debate para que algumas culturas e sujeitos aprendessem a conviver com o seu próprio desejo, com o erótico, com as diferentes sexualidades, especialmente com a mulher.

Todas as culturas ainda têm dificuldade de aceitar que o Bem e o Mal constituem o todo do ser humano. As pulsões e desejos humanos sempre foram tidos como forças demoníacas. Na antiguidade, o demônio nada tinha a ver com o diabo, era um ser inspirador ou era quem vetava as más atitudes. Sócrates, no séc. 5 antes de Cristo, dizia que o daimon o guiava ao bem e vetava suas tendências mal pensadas. Só mais tarde é que interesses mais políticos que religiosos, fizeram acontecer a fusão do demônio como o diabo, satã, etc.

Um dos mecanismos mais utilizados pelo ser humano para se livrar do Mal é a projeção de sentimentos ou figuras inexistentes como operadores simbólicos do psiquismo. A atividade psíquica que sustenta a projeção é de ordem inconsciente, tal como todos os demais mecanismos de defesa.

Odiar o vizinho, ou não aceitar uma tendência sexual, ser invejoso, etc; poderia forçar o psiquismo a projetar essas ideias e sentimentos em outras pessoas, personificadas enquanto diabo, satã, enfim o Mal. Uma nação inteira pode ser tomada pelo histerismo de projetar numa só figura o Mal que, no fundo, é dela mesma. Mas, ela própria não se dá conta disso, visto ser uma ação made in inconsciente que demanda purificação de Mal.
Mani (Manes ou Manchaeus), nascido na Pérsia, no século III, fundou uma religião, o maniqueísmo, após ter sido "visitado" duas vezes por uma entidade que o convocou para esta tarefa, fato este comum entre aqueles que fundam religiões e seitas até hoje. A religião maniqueísta se difundiu pelo Império Romano e pelo Ocidente Cristão.

O maniqueísmo combina elementos do zoroastrismo, antiga religião persa, e de outras religiões orientais, além do próprio Cristianismo. "Possui uma visão dualista radical, segundo a qual o mundo está dividido em duas forças: o Bem (luz) e o Mal (trevas) como entidades antagônicas em perpétua guerra.

Luz e trevas no sistema maniqueísta não são figuras retóricas, são representações concretas do Bem e do Mal. O Reino da Luz e o Reino das Trevas estão em permanente conflito. É dever de cada ser humano entregar-se a esse eterno combate para extinguir em si e nos outros a presença das Trevas afim de poder alcançar o Reino da Luz, que é o Reino de Deus. No maniqueísmo, os homens "eleitos" irão purificar o Bem, com uma vida de castidade, renúncia a família, alimentação especial, etc.

O maniqueísmo é uma forma de pensar simplista em que o mundo é visto como que dividido em dois: o do Bem e o do Mal. A simplificação é uma forma primária do pensamento que reduz os fenômenos humanos a uma relação de causa e efeito, certo e errado, isso ou aquilo, é ou não é.

A simplificação é entendida como forma deficiente de pensar, nasce da intolerância ou desconhecimento em relação a verdade do outro e da pressa de entender e reagir ao que lhe apresenta como complexo. "A pressa de saber obstrui o campo da curiosidade e liquida a investigação em muito pouco tempo", declara o psicanalista W. Zusman (A terra sob o poder de Mani, JB/s.d.).

A pressa não é só inimiga da perfeição, é também inimiga do diálogo, do pensamento mais elaborado, sobretudo, filosófico e científico e pode ter distorcido grande parte da nossa história, bem como seus personagens.
A expressão maniqueísmo ganhou uso corrente ao definir aquele tipo de pessoa ou aquele tipo de pensamento de estruturação dualista que reduz a vida (ou alguns de seus aspectos) a pares antagônicos irreconciliáveis, como: direita/esquerda, corpo/mente, reacionário/progressista, belicista/pacifista, fiel/infiel, capitalista/comunista, individualismo/coletivismo, branco/negro, ariano/judeu, raça superior/raça inferior, objetivo/subjetivo e assim por diante. "É evidente que não se pode deixar de reconhecer a existência daquilo que cada um desses pares antitéticos nomeia, mas o pensamento maniqueísta vai além na medida em que considera que um lado deve destruir o outro, porque um é Luz e o outro Trevas" (Zusman), um é o Bem e o outro é o Mal.

Por exemplo, a propaganda nazista contra os judeus plantou no inconsciente do povo alemão o que este já continha de preconceito e racismo.

Primeiramente, o alemão ariano e cristão tinha herdado a crença de que os judeus eram os assassinos de Cristo e representavam o diabo ou todas as forças do mal, na terra. Assim como Cristo comanda o mundo espiritual, o diabo comanda o mundo material, dinheiro, poder e sexo.

Segundo, os judeus foram associados a esses três elementos materiais, principalmente o dinheiro. No período nazista, as crianças alemãs eram educadas para estigmatizar os judeus, com desenhos e histórias associando-os ao mal ou ao diabo.

Terceiro, a propaganda nazista foi sistemática contra os judeus, explorando o simplismo do pensamento maniqueísta. Começaram associando os judeus a traças, piolhos e vermes que "corroíam a economia alemã", em verdade, tal propaganda preparava o espírito coletivo alemão para a chamada "solução final" ou medida "higiênica" de extermínio em massa de todo o povo judeu, segundo análise de Robert Vistrich, da Universidade de Jerusalém.
Outro exemplo, no período da guerra fria, o presidente norte americano, R. Reagan, fazia declarações apontando os soviéticos como a encarnação do demônio. Depois, o Bush pai, fez o mesmo com Saddam Husseim. Há pouco tempo atrás, o Bush filho, personificava o Mal em Osama bin Laden e declarava em bom discurso maniqueísta de que "quem não está com os EUA, está a favor dos terroristas. 

Os fundamentalistas islâmicos usam do mesmo maniqueísmo com os norte-americanos, chamando-os de "grande Satã" e Israel de "pequeno Satã". São mais que discursos, são preparativos para ações de destruição do mal em nome do bem. Sendo o maniqueísmo uma simplificação do modo de pensar a vida todo o sistema social que sobre ele se monta é necessariamente dogmático, violento, intolerante e também fadado ao desmoronamento.

O maniqueísmo não se sustenta por muito tempo, devido ao seu dogmatismo, isto é, sua incapacidade de colocar à prova da realidade ou da lógica, suas verdades simplificadas. Como seu pensamento está reduzido a um par de verdades antagônicas, aceitar o raciocínio do outro, discordante, significa deixar-se arrastar para o domínio do mal e ser por ele tragado.

A vida do maniqueísta se converte em uma prontidão de vigilância (paranoia) constante para não se deixar iludir com os "discursos sedutores". Santo Agostinho que inicialmente foi maniqueísta, depois de ter se afastado, escreveu em Confissões (livro 7) que, nessa doutrina "não tinha encontrado paz e apenas expressava opiniões alheias".

Portanto, mais que uma forma simplista e dogmática de pensar, o maniqueísmo propõe uma ação, uma luta eterna contra o Mal, personificado em algumas coisas, pessoas e situações. Na ação maniqueísta "vale tudo", até mesmo a violência extrema contra o Mal, que ele delira. A guerra e a tortura são os principais meios do maniqueísmo. Hitler, também acreditava ter uma grande missão de purificação da humanidade. "As lágrimas da guerra prepararão as colheitas do mundo futuro", escreveu ele.


Uma visão sobre a dualidade (Bem mal-Bom mau) segundo uma óptica religiosa  

Personificação:

No mundo ocidental, uma das religiões que mais ganharam adeptos nos últimos 2.000 anos, foram as católicas e todas as suas vertentes. Que apresentam seu Deus, como sendo a entidade monoteísta máxima, o centro de tudo que pode ser bom, a fonte criadora da pureza e da vida. Ao contrário de tudo isso, existe uma personificação do que é mal, ou de quem é o mau...

Segundo essa filosofia:

Na história do Universo nunca houve, nem haverá traição maior. A criatura que representava a mais magnificente obra de seu Criador ressentiu-se de que sua glória era apenas emprestada, de que o papel que lhe estava destinado era o de tão somente refletir a infinita majestade do Deus que lhe deu o fôlego da vida. Dessa maneira, nasceu no coração de Lúcifer e, em última análise, no recém criado universo moral, o desprezível impulso da rebelião. Esse impulso originou a insurreição angélica que foi a mais terrível sedição na história em todos os tempos.

Por mais importante e original que tenha sido essa rebelião angélica, as Escrituras não incluem um registro específico do evento. No Antigo Testamento, Satanás aparece pela primeira vez no relato da queda de Adão (Gn 3). Ali, no entanto, ele já era o tentador caído que seduziu os primeiros seres humanos ao pecado. Dessa forma, já no início das Escrituras, a queda de Satanás é tratada como fato. Mas, por razões que não são esclarecidas em nenhum lugar, o próprio relato de sua queda está ausente nesse registro.

Ainda assim, o evento é lembrado duas vezes nos escritos dos profetas: por Isaías, em meio a uma inspirada diatribe contra a Babilônia (Is 14.11-23), e, mais tarde, por Ezequiel, quando ele repreende duramente o rei de Tiro (Ez 28.11-19). Essas duas passagens contam-nos a maior parte do que sabemos sobre a queda de Satanás.

Entretanto, aqui temos algumas dificuldades exegéticas. Em ambas as passagens, a menção da rebelião de Lúcifer aparece abruptamente num contexto que não trata, especificamente, de Satanás. Esse fato levou muitos estudiosos da Bíblia a rejeitar a ideia de que as passagens se referem a uma rebelião luciferiana e a insistir que elas focalizam exclusivamente os governantes humanos das nações pagãs às quais são dirigidas.

Apesar disso, é preferível entender que Isaías e Ezequiel propositalmente queriam levar os leitores para além dos crimes de reis humanos, guiando-os até a percepção do grande arquétipo do mal e da rebelião, o próprio Satanás. Essas passagens incluem descrições que, mesmo levando em conta a inclinação ao exagero por parte de governantes da Antiguidade, não poderiam ser atribuídas a qualquer ser humano. O emprego da primeira pessoa do singular (por exemplo: “Eu subirei...”; “exaltarei o meu trono...”; “me assentarei...”) em Isaías 14.13-14 refletiria um nível de ostentação indicativo de insanidade, caso fosse proferido por um mero ser humano, mesmo em se tratando de um dos monarcas pagãos babilônicos, que a si mesmos divinizavam.

E qual rei de Tiro poderia ser descrito como “cheio de sabedoria e formosura... Perfeito... nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado...” (Ez 28.12,15)?

Além disso, a Bíblia ensina explicitamente que a perversidade do mundo visível é influenciada e animada por um domínio povoado por espíritos caídos, invisíveis (Dn 10.12-13; Ef 6.12), e que, em sua campanha traiçoeira e condenável de frustrar os propósitos do Deus verdadeiro, esses espíritos maus são dirigidos por Satanás, o “deus deste século” (2 Co 4.4).

É característico dos escritores bíblicos fazer a conexão entre o mundo visível e o invisível, e isso de forma tão abrupta que pega o leitor momentaneamente desprevenido. Quando Pedro expressou seu horror ante o pensamento da morte de Jesus, o Senhor lhe respondeu “Arreda, Satanás!” (Mt 16.23; cf. 4.8-10).

De forma semelhante, repentinamente e sem aviso, o profeta Daniel pula de uma descrição profética sobre Antíoco Epifânio (Dn 11.3-35) para uma descrição similar do Anticristo dos tempos do fim (Dn 11.36-45). Antíoco, governante selêucida no período intertestamentário, precede o vilão maior que conturbará a terra nos últimos dias. Um salto abrupto e não anunciado do mundo político ganancioso, auto engrandecedor, visível, para o drama arquetípico que se desenrola em um mundo invisível aos seres humanos mas que, apesar de não ser visto, deu origem às atitudes denunciadas nessas passagens, tal salto não está fora de lugar nas Escrituras.

Finalmente, por trás das conexões feitas nessas duas passagens pode muito bem estar um tema que frequentemente retorna nas Escrituras. Nos tempos primitivos da Terra após a queda, os rebeldes de Babel estavam determinados a construir “uma cidade e uma torre” (Gn 11.4). A cidade era um centro de atividade comercial, enquanto a torre representava o ponto focal do culto pagão.

Essa dupla caracterização do cosmo como expressão de egoísmo (o espírito ganancioso do comercialismo não-santificado) e de rebelião (a busca por ídolos) ressoa ao longo de toda a Palavra de Deus, chegando a um clímax em Apocalipse 17-18, onde anjos que se mantiveram fiéis a Deus anunciam a tão esperada e muito merecida destruição da Babilônia religiosa e comercial.

É instrutivo notar que enquanto todo o trecho de Ezequiel 26-28 repreende severamente a Tiro o mais importante centro de comércio e de riqueza nos dias desse profeta, Isaías 14 denuncia Babilônia, que representa o centro da falsa religião ao longo de toda a Escritura. Talvez essa caracterização do cosmo caído como “cidade e torre”, tão importante naquilo que a Escritura afirma em relação ao mundo em rebelião contra Deus, ajude a explicar o salto dado pelos profetas nas passagens que consideramos.

Quando contemplavam a cultura de seu tempo, que incorporava perfeitamente um elemento do cosmo caído, cada um deles se sentiu compelido pelo Espírito superintendente de Deus a focalizar a rebelião angélica dos tempos primitivos, a qual animava a rebelião humana que estavam denunciando.

Dessa forma, essas duas críticas severas, que identificam os espíritos perversos de cobiça inescrupulosa e rebelião espiritual, ajudam a explicar por que tais espíritos predominam tantas vezes ao longo da história humana. Os textos referidos, ao mesmo tempo, também antecipam a destruição profeticamente narrada em Apocalipse 17 e 18.

A linhagem de Satanás:

De Isaías 14 e Ezequiel 28 emerge um quadro relativamente extenso de Satanás antes de sua rebelião.
Sua pessoa: Ele foi o ser mais exaltado de toda a criação (Ez 28.13,15), a mais grandiosa das obras de Deus, um ser celestial radiante, que refletia da maneira mais perfeita o esplendor de seu Criador. Assim, ele apropriadamente era chamado de Lúcifer. Essa palavra vem de uma raiz hebraica que significa “brilhar”, sendo usada unicamente como título para referir-se à estrela de maior brilho e cujo resplendor mais resiste ao nascimento do Sol.

O nome Lúcifer tornou-se amplamente usado como título para Satanás antes de sua rebelião porque é o equivalente latino dessa palavra. Na realidade, é difícil saber com certeza se o termo foi empregado com o sentido de nome próprio ou de expressão descritiva.

Seu lugar: Ezequiel afirmou que esse anjo exaltado estava “no Éden, jardim de Deus” (Ez 28.13). Aqui, a referência não é ao Éden terreno que Satanás invadiu para tentar a humanidade, mas à sala do trono em que Deus habita em absoluta majestade e perfeita pureza (veja Is 6; Ez 1). Ezequiel 28 também chama esse lugar de “monte santo de Deus”, onde Lúcifer andava “no brilho das pedras” (v. 14). Essas descrições não são apropriadas ao Éden terreno, mas adequadas à sala do trono de Deus, conforme representações em outros lugares da Escritura.

Sua posição: Satanás é denominado “querubim da guarda ungido” (Ez 28.14). Querubins ou Serafins representam a mais alta graduação da autoridade angélica, também conhecidos como arcanjos, sendo seu papel guardar simbolicamente o trono de Deus (compare os querubins esculpidos flanqueando a arca da aliança – o trono de Javé – no Tabernáculo ou Templo, Êx 25.18-22; Hb 9.5; cf. Gn 3.24; Ez 10.1-22). Lúcifer foi ungido (consagrado) por sentença deliberada de Deus (Ez 28.14: “te estabeleci”) para a tarefa indizivelmente santa de guardar o trono do todo-glorioso Criador.

Ele é descrito como sendo dotado de beleza inigualável, vestido de luz radiante, equipado com sabedoria e capacidade ilimitadas, mas também criado com o poder de tomar decisões morais reais. Portanto, a obrigação moral mais básica de Satanás era a de permanecer leal a Deus, de lembrar sempre que, independentemente de quão elevada fosse a sua posição, seu estado era o de um ser criado.

A queda de Satanás:

Neste ponto, encontramo-nos diante de um dos mais profundos mistérios do universo moral, conforme revelado nas Escrituras: “Como é que o pecado entrou no universo?” Está claro que a entrada do pecado tem conexão com a rebelião de Satanás. Mas, como foi que o impulso perverso surgiu no coração de alguém criado por um Deus perfeitamente santo? Diante de tal enigma, temos de reconhecer que as coisas encobertas de fato pertencem a Deus; as reveladas, no entanto, pertencem a nós (Dt 29.29). E três dessas realidades claramente reveladas merecem ser enfatizadas:

Primeiro: a queda de Lúcifer foi resultado de sua insondável e pervertida determinação de usurpar a glória que pertence unicamente a Deus. Esse fato é explicitado em uma série de cinco afirmações que empregam verbos na primeira pessoa do singular, conforme registradas em Isaías 14.13-14. Nisto consiste a essência do pecado: o desejo e a determinação de viver como se a criatura fosse mais importante que o Criador.

Segundo: Satanás é inteira e exclusivamente responsável por sua escolha perversa. Nisso existe uma dimensão inescrutável. Alguns têm argumentado que Deus deve ter Sua parcela de responsabilidade por este (e todo outro) crime, porque, caso fosse de Seu desejo, poderia ter criado um mundo em que tal rebelião fosse impossível. Outros dizem que, se Deus tivesse criado um mundo em que apenas se pudesse fazer o que o seu Criador quisesse, nele não poderiam ser incluídos agentes morais feitos à imagem de Deus, dotados da capacidade de tomar decisões reais e, consequentemente, de escolher adorar e amar a Deus.

Há verdade nessa observação, mas também há mistério. O relato deixa claro que o orgulho fez com que Lúcifer caísse numa terrível armadilha (Is 14.13-14; Ez 28.17; cf. 1 Tm 3.6), mas nada explica como tal orgulho de perdição pode surgir no coração de uma criatura de Deus não caída e perfeita.

No entanto, não há mistério quanto ao fato de que Satanás é, totalmente e com justiça, responsável pelo seu crime. Ezequiel 28.15 afirma explicitamente que Lúcifer era perfeito desde o dia em que foi criado, “até que se achou iniquidade em ti”. A culpabilidade moral é dele, e apenas dele. Na verdade, em toda sua extensão, a Bíblia afirma que Deus governa soberanamente o universo moral e controla todas as coisas, inclusive a maldade de homens e anjos, para que correspondam aos seus perfeitos propósitos. Mas ela também ensina que Deus não deve e não será responsabilizado por essa maldade, em qualquer sentido.

Finalmente, por causa de sua rebelião, Satanás tornou-se o arqui-inimigo de Deus e de tudo o que é divino. Sua queda bem como a dos espíritos que se uniram a ele, é irreversível; não há esperança de redenção. Satanás foi privado da comunhão com o Deus santo de forma final e irrecuperável. Para ser exato, Satanás ainda tem acesso à sala judicial do trono do Universo por causa de seu papel de acusador dos irmãos, papel este que lhe foi designado divinamente (Jó 1 e 2; Zc 3; Lc 22.31; Ap 12.10). Tal acesso, no entanto, é destituído da comunhão com Deus ou da Sua aceitação. Devido à sua traição, que foi a mais terrível na história do cosmo, Satanás e seus anjos somente podem esperar a condenação e a punição eternas (Mt 25.41).

Uma outra visão sobre Satanás

Ele se tornou a personificação do mal. Satanás é a fonte da tortura da morte e da destruição. Ele é o governador do inferno!

Segundo alguns, ele ficou arrogante, perdeu a sua posição celestial, ele foi expulso dos céus e caiu!
Satanás comanda e domina um exército de demônios unidos em uma busca por vingança, para destruir a humanidade. Ele é retratado como inimigo de deus, que tenta destruir as pessoas boas, para fazer com que elas se tornem ruins, impedindo-as de serem salvas e de irem para o céu, de modo que possam ir para o inferno, onde ele está no comando. Mas o personagem conhecido como príncipe das trevas, é somente um mito? Ou ele poderia ser algo incomensuravelmente real?

Satanás pode ter sido um anjo, um deus, um demônio, ou apenas uma entidade que foi caluniada de certa forma?

Será que essas percepções sobre essa entidade estão corretas? Ele é de fato o mestre de todas as coisas más do universo?

Talvez as respostas possam ser encontradas nos mitos e lendas que descrevem as origens antigas de Satanás. No começo, ele era um dos anjos que foi criado por deus antes da criação do universo físico e basicamente havia uma esfera de anjos ao redor de deus, contemplando o senhor. E Satanás naquela época era Lúcifer, ou a Estrela Dalva, que era o mais iluminado dos anjos, um dos mais amados, na verdade um arcanjo, um serafim, um dos mais belos e elevados, o portador da luz.

Segundo as escrituras, quando deus criou o homem a sua imagem, ordenou que todos os anjos adorassem a sua imagem nos homens...mas o portador da luz disse: “Veja! São feitos de lama, nós somos feitos de fogo, como posso adorá-los?”

Então, ainda segundo as escrituras, deus o teria lançado na Terra para ficar aqui até o final dos tempos, o teria expulsado de sua convivência, aos seus olhos, o portador da luz se tornou arrogante e não mais merecedor da sua presença!

Satanás não é apenas visto como a encarnação do mal, mas também é compreendido como sendo um interrogador, um acusador, ele não estava apenas invejando a nova criação de deus, mas subjetiva e intrinsicamente, estava questionando a forma como deus, aspirava por conduzi-la!

Lúcifer ou Satanás, é geralmente visto como tendo sido o responsável pela inspiração da serpente nos jardins do Éden. Umas das grandes histórias bíblicas, é sobre Adão e Eva. Temos a imagem de um belo jardim, onde estão esses seres, apenas vivendo em inocência apreciando a natureza, um ao outro e a deus, até que entra Satanás na forma de uma serpente e ele encontra Eva, perto de uma “coisa”, há uma lei que deus teria dado à humanidade.

Segundo o livro de Gênesis, deus colocou duas árvores no jardim, a árvore da vida e a árvore do conhecimento e proibiu Adão e Eva de comerem do fruto do conhecimento do bem e do mal. Mas Lúcifer teria convencido Eva a comer desse fruto que por sua vez fez o mesmo com Adão, a partir daí, segundo as escrituras, houve uma mudança súbita e considerável em seus comportamentos e suas personalidades mudaram.

Antes de comerem do fruto, eles não tinham pecado, haviam seguido a única lei de deus, mas Satanás resolveu que se conseguisse fazer com que desobedecessem à Deus, o pecado entraria na humanidade, na verdade em uma das possíveis ópticas, o pecado, era o conhecimento do bem e do mal.

Mas essa história sobre Adão e Eva de fato é um relato fantasioso de como o mal entrou no mundo, ou poderia ter uma outra explicação que fosse um pouco mais profunda?

Na verdade, no caso de Eva, fica claro que há uma necessidade por parte dela, de evolução emocional, filosófica, conceitual e até mesmo espiritual, deus quer nos manter em um estado de inocência eterna, talvez até uma espécie de permanência em um estado infantil, pueril e quase inanimado, mas Eva decide que saber tudo sobre esse mundo em que fora colocada, era o caminho para o crescimento e a liberdade biológica consciente e a serpente inspirada por Satanás, lhe permitia isso.

Lúcifer na verdade queria transferir esses conhecimentos e sabedoria à humanidade que na verdade talvez os levassem ao mesmo nível desse deus criador, mas no antigo testamento o senhor está dizendo: “Não será tão já! Talvez a humanidade não seja merecedora ou boa o bastante para merecer esse conhecimento!” Isso passa a ser então a maior batalha entre deus e o diabo.

A tentação de Adão e Eva, foi na verdade um caso de sabotagem?

Foi um esforço com a intenção de seduzir a humanidade a pecar contra o criador?

Ou pode ter sido o verdadeiro propósito de Satanás, encorajar a humanidade a dividir os frutos da sabedoria e conhecimentos de deus?

No sul de Israel, um deserto árido e de sol ardente que um dia foi o reino de Edon, é o local onde alguns pesquisadores da bíblia, dizem ter sido o lar da figura bíblica Jó. De acordo com a bíblia hebraica, Jó teria sido um dos homens mais ricos do reino, ele possuía imensos rebanhos de gados, camelos e ovelhas, ele também era um dos mais justos, fazendo sacrifícios vivos para o seu deus onipotente, para poder reparar as suas transgressões e os pecados de sua família.

Na história de Jó, Satanás fazia parte do conselho celestial cósmico, o conselho se reúne e deus está nessa reunião e basicamente Satanás e deus tem uma discussão:

Deus: “Veja Jó, é um homem honesto e fiel!”
Satanás: “Claro, você dá tudo pra ele!”
Satanás: “E se Jó fosse tentado e se não tivesse todas essas coisas maravilhosas que você deu pra ele?”

Então, Satanás convenceu a deus que Jó deveria ser testado, para ver se ele era realmente bom, se era realmente merecedor! Assim assumiu o papel de primeiro testador da espécie humana, o primeiro adversário.

O mais interessante dessa história é que Satanás está na verdade trabalhando com deus, como membro da equipe, uma espécie de conselheiro cósmico celestial. O conselho divino do senhor é bastante interessante, pois aprendemos que ele foi composto por várias entidades, inclusive o que hoje chamamos de diabo, a ideia é que esses são seres superiores que estão na função de executar as ordens e os desejos de deus, que está no comando desse conselho. De fato parece que estamos vendo algo como uma espécie de burocracia divina, algo que poderia ser visto em uma empresa ou como uma burocracia governamental.

Será que a nossa noção de Satanás como uma força do mal, poderia estar errada?

Alguns pesquisadores, cientistas e filósofos, creem que as respostas podem ser encontradas não apenas nas páginas das antigas escrituras hebraicas, mas também em pergaminhos ainda mais antigos.

Satanael e os vigias:

Em Qumran, hoje Cisjordânia, durante uma série de escavações que deram início em 1949, arqueólogos descobriram centenas de pergaminhos antigos, eles acreditam que foram escritos por uma seita hebraica conhecida como Essênios, há mais de 2.500 anos. Vários desses pergaminhos contém fragmentos que ficaram conhecidos como o Livro de Enoch. Há relatos nesses pergaminhos sobre uma rebelião começada por anjos, conhecidos como os Vigias.

Umas das partes mais famosas sobre o livro de Enock, é sobre os Vigias. Essa história é sobre umas duzentas entidades que estavam encarregadas de vigiar a humanidade em seu estágio inicial. Foram enviados para nos observar, ajudar; mas essas entidades são muito mais interessantes, elas interagem de forma direta conosco.

Tem uma breve referência sobre isso no livro de Gênesis, mas o livro de Enock é muito mais abrangente, relata a história de forma mais completa e clara. Isso foi retirado do cânone da bíblia na formalização política da Igreja, mas esteve lá por muitos anos.

Assim que os Vigias começaram a interagir com os seres humanos, ficaram fascinados por essa espécie e começaram a compreender que eram muito mais criativos, emocionais e inteligentes, que o próprio criador poderia imaginar em seu conceito sólido de fluidez evolutiva natural.

Com o tempo, passaram até mesmo a se relacionar fisicamente com alguns seres humanos, já havia nascido o desejo entre essas espécies, de repente as ordens originais que eles receberam, começaram a se parecer mais arbitrárias e não coesas, não eram mais tão interessantes e sensatas. Eles chegaram ao ponto de querer ter “esposas”, se rebelaram totalmente, queriam agora ter um corpo humano como o nosso, ter filhos...com humanos.

De acordo com o livro de Enock, o líder dessa rebelião, foi uma entidade conhecida como Satanael, poderia esse ser o mesmo personagem que conhecemos como Satanás? Então o que estamos vendo na história de Satanael e os Vigias, é muito similar à história de Lúcifer ou Satanás, sendo o encarregado dos anjos. Nos dois casos nos confrontamos com uma hierarquia de uma espécie que está entre nós e deus. Líderes que não concordam com deus e seus planos para a humanidade e basicamente decidem desafiá-lo e viver entre nós e para nós!

Quando se olha para as diferentes versões do livro de Enock, a única coisa que combina em todas elas, são as histórias sobre os Vigias. Os vigilantes do céu e eles são os únicos que passaram conhecimentos para a humanidade.

Será que os relatos antigos sobre a rebelião de Satanael e sobre a queda de Satanás, sugerem que os esforços desses para corromper a humanidade, eram na verdade uma tentativa de dar ao homem, o conhecimento proibido?

Porque era proibido? Por quem exatamente e em qual contexto?

E essas lendas podem ser baseadas não apenas em mitos, mas em eventos históricos verdadeiros?

Acontecimentos que envolvem a visita de diversas espécies e interesses de entidades?

Alguns pesquisadores, cientistas e filósofos acreditam que sim! Pensam que um exame mais próximo do livro de Enock, podem apontar para uma prova física, de onde a chamada rebelião de Satanael contra deus, pode ter ocorrido.

Monte Hermon, no Líbano. Ocupando a fronteira com a Síria, essa montanha lendária, conforme está descrita no livro de Enock, é o pico onde Satanael e os Vigias desceram à Terra. O monte era tanto um local de conexão com o céu, mas também uma espécie de portal entre a Terra e o Céu. Os vigias sendo entidades celestes, detinham o conhecimento de “outros lugares”. Satanael por exemplo, era especialista em alquimia e em reprodução de plantas.

O livro de Enock enumera muito especificamente os tópicos que são ensinados aos seres humanos por esses Vigias, entidades, ou anjos, que dividem a sua sabedoria e seus conhecimentos com os homens. Nesse livro, o monte é descrito como sendo o local onde Satanael e os outros Vigias, teriam ensinado a humanidade sobre a medicina e a alquimia.

Outras entidades poderosas, no mesmo local, também nos ensinaram sobre a metalurgia, astronomia, ciências em geral e até mesmo sobre a guerra.

Os Vigias entregaram à humanidade, o conhecimento proibido de deus, todas as histórias sobre as culturas antigas, diversidades sociais da cultura humana, contém mitos sobre seres, anjos, entidades, que passaram conhecimentos proibidos dos deuses aos homens e todos foram banidos ou punidos!

Os Vigias, através de Satanael, nos fornecem ferramentas e conhecimentos extraordinários que tornam nossa vida muito melhor e mais produtiva na Terra, então Satanael, bem como Satanás, são seres e ou entidades realmente ruins, ou estavam apenas querendo libertar a humanidade da ignorância e da subserviência descabida?

E se Satanael for realmente o antecessor de Satanás, então as intenções do diabo estão mesmo sendo deturpadas por toda a nossa história conhecida?

E se as histórias contadas em livros, pergaminhos, rochas e escrituras não consideradas oficiais pela Igreja, estiverem certas? Poderiam essas entidades na verdade terem tido a intenção de libertar o ser humano, se rebelando contra seus próprios criadores e ou criador ou mesmo líderes, nos mostrando as bases de nossas primeiras civilizações, conceitos sociais, filosofias...liberdade...o verdadeiro livre arbítrio?

Se compararmos as histórias de Satanás e Satanael, o que nós confrontamos aqui é algo muito maior, que diz basicamente que ambos estiveram aqui para nos apoiar e civilizar, os Vigias foram entidades civilizadoras, eles basicamente nos ajudaram a fundamentar a nossa existência social e então estamos diante do que basicamente é a conclusão mais lógica: o mundo que conhecemos hoje, segundo as organizações e instituições sociais humanas, não é algo divino, mas sim, literalmente satânico.

Foram essas entidades que hoje são consideradas malévolas, que nos deram as ferramentas e os conhecimentos para sermos o que somos hoje!

Será que então que o personagem que conhecemos como Satanael, que se indispôs com a sua própria espécie para viver entre nossos ancestrais, junto com outras entidades que partilhavam da mesma percepção, tiveram sua discórdia com deus, não por maldade, vaidade ou arrogância, mas sim para nos ajudar a evoluir?!

Além dessas entidades já citadas, bem como as suas histórias, Satanael e a rebelião dos Vigias e Satanás e o fruto proibido, existem mais histórias e personagens que podem corroborar a teoria de que na verdade o que algumas religiões, hoje, consideram como sendo o mal, eram em substância, forças energéticas conscientes e libertadoras para o próprio desenvolvimento da espécie humana?!

Mais evidencias sobre a presenca de entidades civilizadoras  

Península de Yucatan, aqui nas selvas do sul do México, encontram-se as ruínas da grande cidade Maia de Chichen Itzá. Construída há mais de 1500 anos, era uma das maiores e mais poderosas cidades do mundo Maia e dominando o local, existe a grandiosa pirâmide de El Castilho, um templo feito para homenagear a serpente que representava o deus Maia: Kukulcan.

O nome deste deus também significava serpente alada e também era conhecido como uma entidade que trazia conhecimentos cósmicos e sabedoria. Muitas vezes vamos ver esse deus sendo representado como metade homem, metade serpente, ou um homem saindo da boca da serpente. Uma das entidades mais poderosas do panteão Maia, Kukulcan é reconhecido como sendo um deus que desceu das estrelas e ensinou matemática, astronomia e agricultura à humanidade.

Nas culturas globais antigas, nós encontramos referências constantes para esses seres celestiais gigantes que vieram à Terra e iniciaram e instruíram a humanidade. O próprio Satanás, é considerado um Serafim, o que significa: serpentes voadoras, ou serpentes de fogo, mas ainda assim, de forma mais “pura”, a palavra (serafim), tem o significado direto de: serpente.

Então agora temos além da história de Satanás - Lúcifer, ou a serpente que tentou Eva no paraíso, lhe entregando o conhecimento proibido, temos também a história de Satanael e os Vigias que eram descritos como tendo também pele de serpente e que dividiram seus conhecimentos com a humanidade. Vimos agora Kukulcan, que tem absolutamente a mesma história, com o mesmo aspecto físico, em outro local, em outra época, mas que agiu da mesma maneira!

Então é possível que o que estamos vendo seria a mesma figura, ou representantes da mesma legião de anjos ou entidades celestiais com feições de serpente? Se for, será que esse mesmo personagem ainda pode ser encontrado em outras culturas?

Na cultura da Grécia antiga, existe a história de um Titã conhecido como Prometheu, que pecou contra os outros deuses por ter roubado o segredo do fogo e o entregado aos homens. Por conta da sua transgressão, ele foi banido para a Terra e severamente castigado, foi acorrentado há uma rocha por toda a eternidade e todos os dias uma águia vinha e comia o seu fígado, durante a noite o órgão crescia e se regenerava novamente, apenas para que no dia seguinte a águia voltasse a comê-lo.

Para o povo da Grécia antiga, Prometheu era um deus que se associou à humanidade, que deixou os seus iguais para ajudar na criação das sociedades humanas.

De volta às Américas, mais especificamente na região dos Andes, na América do Sul, temos a história de outra entidade cujo nome era Viracocha, deus dos Incas.

Era um poderoso deus criador que teria vindo à Terra para dividir conosco seus conhecimentos celestiais. Como Prometheu na Grécia e Satanás ou Lúcifer na cultura católica e Satanael na cultura hebraica, Viracocha também era considerado o portador da luz e muitas vezes representado segurando dois raios paralelos e verticais e tendo o Sol como coroa.

O povo Inca o descreve como sendo uma entidade benevolente, que teria descido do céu e lhes ensinado sobre medicina, astronomia, arquitetura e outras ciências avançadas, uma figura que trouxe a sabedoria libertadora para a humanidade, que se esforça para nos ensinar em um caminho de progresso e iluminação!

No antigo Egito, também encontramos outra entidade que era adorada e também como Satanás, comandava o mundo das trevas e do caos, mas que nos deu conhecimentos, ferramentas e muitos avanços sociais. Seu nome era Seth.

Então nós devemos nos perguntar, porque todas essas culturas sociais humanas antigas, tem referências tão parecidas quanto às essas entidades, que teriam descido do céu para nos ajudar?

Esses foram apenas alguns exemplos mais conhecidos e difundidos, mas podemos ver essas histórias se repetirem em absolutamente todos os continentes do nosso planeta, inclusive na Ásia, Oceania e África. Elas teriam descido do céu para dividir conosco o seu conhecimento, passaram algum tempo vivendo e interagindo de forma direta conosco, depois partiram e prometeram que um dia voltariam...então o que descobrimos é que a história de Satanás, conforme uma entidade civilizadora, com certeza não é única, mas se situa em um panorama claro no mundo todo!

Isso nos mostra que a importância de Satanás para as sociedades humanas, não é algo que está limitado apenas a bíblia, mas nos diz muito sobre a nossa civilização e história humana.

Será que esses diversos mitos antigos na verdade descreviam a mesma criatura?

O anjo caído que agora chamamos de Satanás? Mas como uma entidade que por muito tempo e por muitas culturas, em diversos locais do globo, que sempre foi vista como sendo a portadora da luz, a que nos trazia conhecimentos e cultura, hoje pode ser vista como a encarnação de todo o mal?

A palavra Lúcifer, vem do latim, quer dizer o portador da luz. É o mesmo que na mitologia grega com Prometheu, que roubou o fogo dos deuses. É bem possível que nossas tradições religiosas e aqueles que escolheram os antigos textos, para se tornarem sagrados e fundamentarem essas mesmas, há alguns milhares de anos atrás, tenham transformado a imagem dessas entidades, como criaturas más, mas na verdade era o contrário, eram bons...a questão é que deveria haver uma espécie de antagonismo na fundamentação dessas religiões, personagens que representariam o bem e o mal.

 Então quando se depararam com essa questão, automaticamente preferiram dar a essas entidades que divergiram de deus, o papel da personificação do mal...quando estamos atentando sobre algo como Satanás, não estamos falando necessariamente sobre moralidade, estamos falando sobre “coisas” dos nossos antepassados, explorando a mitologia de culturas ancestrais, pesquisando narrativas que nos contam que eles desenvolveram as antigas civilizações, não por conta própria, mas com a ajuda de entidades inteligentes que não eram humanas.

Essas entidades, representadas em muitas culturas, que antes eram vistas como divindades benévolas, tiveram a sua história distorcida por muitas religiões posteriores e hoje, essas entidades são vistas como o diabo, o mal, seres maus. Na verdade, de inúmeras formas, podemos admitir que Satanás pode muito bem ser um deus, um anjo, uma entidade que foi caluniada de certo modo...como Prometheu foi o único que nos deu conhecimentos, técnicas e ferramentas para seguirmos nosso caminho por conta própria!

Mas afinal o que é o mal, o que é realmente o bem?

Quem ou o que foi na verdade Satanás?

Um demônio, o diabo, um anjo, a personificação do mal?

Ou uma entidade benevolente que roubou a tecnologia dos deuses para compartilhá-la conosco e nos tirar da era das trevas e da ignorância?!

Segundo algumas histórias bíblicas, ele passa a ideia de um adversário, um contestador, um mentiroso, mas ao mesmo tempo é o ser que veio e preferiu ficar ao nosso lado ao invés de viver contemplando a criação e ao criador. Em uma última análise, podemos ver essa entidade assumindo diversas ideias e conceitos, um personagem que é uma fusão de diversos papéis!

É importante que nos lembremos que Satanás faz parte da categoria dos anjos chamados Serafins, estes foram enviados à Terra, como benfeitores da humanidade, produzindo e disseminando o conhecimento.

As igrejas criaram esse papel de monstro maligno para Satanás, apenas para que houvesse um antagonismo contra deus, talvez apenas para que o controle de crentes e seguidores, se perpetuasse através do medo. Quando na verdade sua verdadeira missão aqui conosco, era a de trazer a evolução e crescimento das sociedades humanas.

Se pensarmos assim, começamos a compreender que aquilo que hoje consideramos como a personificação do mal, não é tão legítima, ou mesmo séria, justa e coesa para com a história, as mitologias humanas e seus conceitos mais fundamentais e ancestrais que obviamente vão além de qualquer livro considerado sagrado; quando nos permitimos analisar os fatos e as narrativas de nossos antepassados, sem os dogmas religiosos impostos há alguns milênios atrás, podemos notar claramente que não apenas fatos foram distorcidos, como também a própria história em si foi reescrita e alguns personagens ficaram com os “piores papéis”...nesse sentido, podemos perceber que Satanás não foi uma entidade ruim, não é possível se ter a luz sem ter a escuridão, não se pode ter o conceito de certo, sem o conceito de errado, temos que aprender isso por nós mesmos!

Uma visão sobre a dualidade (Bem-mal-Bom-mal) segundo uma óptica alternativa:  

Antes de começar a redigir e filosofar sobre essa teoria alternativa, que sob muitos aspectos em nosso mundo moderno, vem apresentando diversas evidências, principalmente tangíveis e arqueológicas, é necessário apresentar a pessoa que fundamentou essa teoria, através de dezenas de anos de pesquisas e estudos e que acabou por criar toda uma cultura sociológica pós moderna. Inusitadamente, muitos filósofos, pesquisadores e até cientistas vem corroborando com as pesquisas que dão base e fundamentação à essa teoria.

Zecharia Sitchin foi um arqueólogo, tradutor e autor de livros defendendo uma versão da teoria dos astronautas antigos para a origem da humanidade. Ele atribui a criação da antiga cultura suméria aos "anunnaki" (ou "nefilim"), uma raça extraterrestre nativa de um planeta chamado Nibiru, que se encontraria nos confins do Sistema Solar. Ele afirma que a mitologia suméria é a evidência disto, embora suas especulações sejam descartadas por alguns historiadores ortodoxos, que discordam de sua tradução dos textos antigos e de sua interpretação dos mesmos.

De acordo com a interpretação que Sitchin faz da cosmologia suméria, haveria um planeta desconhecido de nossa ciência que segue uma órbita elíptica e demorada, passando pelo interior do Sistema Solar a cada 3.600 anos. Este planeta chamaria-se Nibiru (associado ao deus Marduk na cosmologia babilônia). Segundo Sitchin, um dos satélites de Nibiru teria colidido catastroficamente com Tiamat, outro planeta hipotético, localizado por Sitchin entre Marte e Júpiter. Esta colisão teria formado o planeta Terra, o cinturão de asteroides, e os cometas que ainda hoje se apresentam em órbitas, que passam por nosso Sistema Solar. Tiamat, conforme descrito no Enuma Elish, o épico da Criação mesopotâmico, é uma deusa. De acordo com Sitchin, contudo, Tiamat era o que é agora conhecido como Terra.

Quando atingido por uma das duas luas do planeta Nibiru, Tiamat teria se partido em dois. Numa segunda passagem, o próprio Nibiru teria atingido um dos fragmentos e metade de Tiamat Teria se tornado o cinturão de asteroides. A segunda metade, após capturar a órbita de uma das luas de Tiamat (a nossa Lua), seria empurrada para uma nova órbita e tornar-se-ia o atual planeta Terra.

Este cenário é difícil de ser conciliado com a atual pequena excentricidade orbital da Terra de apenas 0,0167. Os defensores de Sitchin mantém que isso explicaria o formato oblongo do nosso planeta, cuja distância entre os polos é ligeiramente menor que o diâmetro na linha do equador. Também explicaria a peculiar geografia antiga da Terra, devido à acomodação após a colisão celeste, entenda-se, continentes sólidos de um lado e um oceano gigantesco do outro. Embora isto seja consistente com a hipótese do impacto gigante e posterior alteração de órbita que teria originado a Lua, estima-se que esse acontecimento tenha ocorrido 4,5 bilhões de anos atrás.

O cenário delineado por Sitchin, com Nibiru retornando ao interior do Sistema Solar regularmente a cada 3.600 anos, implica numa órbita com um eixo semi-principal de 235 unidades astronômicas, estendendo-se do cinturão de asteroides até 12 vezes mais distante do Sol que Plutão. "A teoria da perturbação elementar indica que, sob as circunstâncias mais favoráveis de escapar-se de impactos diretos com outros planetas, nenhum corpo com uma órbita tão excêntrica conseguiria manter o mesmo período por duas passagens consecutivas.

Dentro de doze órbitas, o objeto seria expulso ou converter-se-ia num corpo de período breve. Portanto, a busca por um planeta transplutoniano por T. C. Van Flandern, do Observatório Naval dos EUA, que Sitchin usa para justificar sua tese, não se sustenta", afirmou C. Leroy Ellenberger, em seu artigo Marduk Unmasked, em Frontiers of Science, de maio-junho de 1981.

De acordo com a teoria de Sitchin, "posto isto, a partir de um começo equilibrado, os nefilim evoluíram em Nibiru 45 milhões de anos à frente do desenvolvimento comparado na Terra, com seu ambiente claramente mais favorável."

Ainda segundo Ellenberger em seu artigo, "Tal resultado é improvável, para dizer o mínimo, uma vez que Nibiru passaria 99% de seu período além de Plutão. A explicação de Sitchin que o calor de origem radioativa e uma grossa atmosfera manteriam Nibiru aquecido é absurda e não resolve o problema da escuridão no espaço profundo. Também inexplicado é como os nefilim, que evoluíram muito depois da chegada a Nibiru, sabiam o que aconteceu com o planeta quando entrou pela primeira vez no Sistema Solar."

De acordo com Sitchin, Nibiru era o lar de uma raça extraterrestre humanoide e tecnologicamente avançada chamada de anunnaki no mito sumério, que seriam os chamados nefilim da Bíblia.

Ele afirma que eles chegaram à Terra pela primeira vez provavelmente 450.000 anos atrás, em busca de minérios, especialmente ouro, que descobriram e extraíram na África. Esses "deuses" eram os militares e pesquisadores da expedição colonial de Nibiru ao planeta Terra.

Sitchin acredita que os annunaki geraram o Homo Sapiens através de engenharia genética para serem escravos e trabalharem nas minas de ouro, através do cruzamento dos genes extraterrestres com os do Homo Erectus. Ele afirma que inscrições antigas relatam que a civilização humana de Sumer na Mesopotâmia foi estabelecida sob a orientação destes "deuses", e a monarquia humana foi instalada a fim de prover intermediários entre a humanidade e os annunaki.

Ele crê que a radioatividade oriunda de armas nucleares usadas durante uma guerra entre facções dos extraterrestres seja o "vento maligno" que destruiu Ur por volta de 2000 a.C. (segundo ele, o ano exato seria 2024 a.C.), descrito no Lamento por Ur. Ele afirma que sua pesquisa coincide com muitos textos bíblicos, e estes seriam originários de textos sumérios.

Em agosto de 2002 o Museu Britânico em Londres revelou caixas não abertas encontradas no porão do museu da época de Woolley contendo esqueletos das Tumbas Reais de Ur de uma deusa rainha, depois descoberta como Ninpuabi, filha de NINSUN (anunnaki) + LUGALBANDA (semi-deus anunnaki), sendo Irmã mais nova de Gilgamesh, o mesmo das tábuas sumérias, neta de INANNA, que era NETA DE ANU rei de Nibiru.

Procurando saber se haveria planos para examinar DNA nesses ossos, o Sr. Sitchin entrou em contato com o museu. Educadamente ele foi informado de que não havia planos para tal. Através de petições ao museu, o mesmo desejava fazer o mapeamento genético da deusa e compará-lo ao humano, mostrando assim nosso parentesco extraterrestre.

Logo antes de falecer, o Sr. Zecharia Sitchin esteve internado devido a um grave problema abdominal. Quando saiu do hospital, ele expressou seu desejo (último desejo): "Depois de algum repouso espero voltar à plena atividade relacionada ao meu livro mais recente, e ao Projeto Genoma da Deusa de Ur." Porém nunca chegou a finalizar esse projeto. Segundo ele, a última passagem de Nibiru foi em 556 a.C., considerando sua órbita de 3600 anos, seu retorno está previsto por volta de 2900. Entretanto, acreditava que os Anunnaki poderão retornar antes e que o momento do retorno coincidirá com a mudança astrológica da Era de Peixes para Era de Aquário, em algum momento entre 2090 e 2370. Mas essa órbita planetária, segundo as traduções de Sitchin, foi recalculada por alguns cientistas em 2012 e para a surpresa de todos, sua passagem pelas cercanias da Terra, pode estar mais próxima que possamos imaginar.

Então agora, além do que já explanamos acima, temos uma história ainda mais antiga e primordial de nossos ancestrais. Na antiga Suméria, você tem essas histórias incríveis dos Anunnaki, eram seres metade homens e metade deuses, que desceram das estrelas, estavam dando instruções aos sumérios sobre as diversas artes da civilização. Eram o que o povo dizia: “Esquisitos de olhar!” Tinham cabeças muito alongadas, eram quase como pessoas com características de insetos, ou também vistos com feições reptilianas, ou com peles de serpente. Foi exatamente como os Vigias foram descritos na bíblia.

Dentro das traduções das tábuas, realizadas por Zecharia Sitchin, vem à tona não apenas uma parte muito importante da nossa própria história, mais uma possibilidade factual de que nossa criação não tenha sido tão benévola quanto gostaríamos.

Será que passamos toda a vida rezando e meditando para entidades que na verdade nunca foram deuses de fato?

Nós os interpretamos e os consideramos assim?

Será que aqueles que as religiões consideram como os maus personagens, na verdade eram rebelados contra o seu próprio povo e raça, que foram banidos por preferirem estar ao nosso lado?

Por fim, através das nossas próprias escolhas sobre o que é bom ou mal, sobre o que é certo ou errado, nós crescemos, evoluímos e nos tornamos o que somos, para assim nos equivalermos aos nossos criadores e para que um dia, nós nos tornemos deuses!

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