Podemos estar um passo mais perto de sermos capazes de ver no escuro.
Um novo estudo da Universidade de Ciência e Tecnologia da China deu aos ratos “visão noturna” infravermelha por até 10 semanas por meio de uma injeção simples de nanopartículas, com efeitos colaterais insignificantes.
Por enquanto, não temos razão para pensar que não seria igualmente eficaz em outros mamíferos. O único inconveniente é o óbvio: agulhas no globo ocular.
A tecnologia
A nanotecnologia funciona ligando-se às células da retina no olho que convertem a luz em sinais elétricos.
Da mesma forma que seres humanos, ratos não conseguem perceber a luz com um comprimento de onda maior que 700 nanômetros, que está na extremidade vermelha do espectro visível. Diversos animais, como cobras e rãs, desenvolveram maneiras de explorar esses comprimentos de onda para rastrear presas ou ver melhor à noite, mas nenhum mamífero possui tal capacidade.
No entanto, as nanopartículas podem absorver luz com comprimentos de onda mais longos e a converter em luz de ondas mais curtas, que as células da nossa retina são capazes de detectar. Essa luz convertida atinge seu pico em um comprimento de onda de 535 nanômetros, possibilitando aos ratos enxergarem a luz infravermelha como verde.
Para sondar os limites dessa percepção infravermelha, o principal autor do estudo, Tian Xue, e seus colegas realizaram vários testes nos animais.
Experimentos
Um dos experimentos envolveu brilhar luz infravermelha nos olhos dos ratos. As pupilas dos que receberam a injeção de nanopartículas contraíram-se, ao passo que aquelas injetadas com uma solução inerte não foram afetadas. A retina e o córtex visual também foram ativados em resposta à luz infravermelha nos camundongos com as nanopartículas.
Nanopartículas de visão noturna em células retinianas de ratos. (Ma et al., Current Biology, 2019)
O melhor de tudo foi que os animais ainda eram capazes de ver bem sob condições normais de luz do dia.
A tecnologia de infravermelho atual, que permite ao usuário ver o calor emitido por objetos ou animais, é frequentemente prejudicada por baterias volumosas e pela interferência da luz visível.
Nos testes com labirintos, os ratos que receberam a injeção podiam distinguir os padrões infravermelhos enquanto também eram expostos à luz do dia. De fato, os ratos que aprenderam um certo padrão infravermelho que levava a uma plataforma submersa na água usaram a mesma regra quando o padrão foi exibido na faixa de luz visível.
Isso sugere que os animais percebiam a luz infravermelha e a visível da mesma forma.
Efeitos colaterais
Alguns ratos desenvolveram córneas embaçadas após a injeção, mas esse efeito desapareceu em quinze dias e ocorreu em taxas semelhantes às do grupo de controle.
A equipe não encontrou nenhuma outra evidência de dano aos olhos dos ratos dois meses após o estudo.
Futuras aplicações da tecnologia podem incluir uma injeção para “supervisão” humana e também para corrigir o daltonismo da cor vermelha.
O estudo foi publicado na revista científica Cell.
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